segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A pré-história de Mc Catra ou A história do funk no Brasil - do swing ao pancadão

Play the funk music white boy!
Wild Cherry

Como amante da música que sou, pretendi escrever algo sobre o funk, esse estilo musical vivo, envolvente e dançante que nos alegra em dias "deprê"; faltou tempo, faltou inspiração, faltou criatividade, mas não faltou vontade, e como diria o sábio rei Salomão "que tudo tem o seu tempo debaixo do sol", hoje, sentei e resolvi dar inicio (e fim) a esse desejo.
A história do funk no Brasil é resultado de uma incrível aceitação e adaptação do estilo norte americano pelos brasileiros.           
Tocar um instrumento, qualquer que seja, é uma atividade maravilhosa. Eu, por cuidado do destino, acabei por me aproximar e me apaixonar pela Bateria, um instrumento responsável pelo ritmo, pela “vida” da música (ao lado do baixo elétrico, é claro).  No geral, as pessoas, de certa forma, admiram os músicos (mas nunca deixam de lembrar que o músico não ganha dinheiro, que são pobres e vagabundos), e muitas vezes me perguntaram quais as minhas influências musicais, o que eu gosto de ouvir, quais seriam minhas sugestões e etc... Em relação ao jazz, ao samba, ao rock, tudo certo. Mas quando a gente fala que gosta de funk, vixi... A indignação é certa, torcem o nariz... Isso é resultado de um grande mal entendido que humildemente procurarei esclarecer.
O funk é um estilo musical da Norte América oriundo da cultura black (ou seja dos negros americanos), uma mistura de soul, jazz e R&B (rhythm and blues); é caracterizado principalmente por sua pulsação marcante, pela ênfase nos instrumentos metálicos (Saxosofone, Trompete, Trombone), pelo ritmo dançante e pelas “linhas de baixo”. Seu auge nos EUA se deu entre as décadas de 1960 e 70 com nomes que vão de James Brown a KC and The Sunshine Band. 


        
James Brown, uma lenda da Soul / Funk. Nessa música é possível perceber o swing, as linhas de metais, a pulsação vibrante e toda a energia do Funk.  
 
Jaco Pastorius, uma lenda do baixo, no jazz, no funk, no soul e no fusion (o cara era foda!). Antes dele o baixo elétrico era um instrumento de fundo. Depois dele o baixo ganhou status de instrumentos solista, passou para a frente da banda. Nessa música, "The Chiken", pode-se facilmente identificar as já citadas linhas de baixo, ou groove.  
 

O Funk no Brasil

No Brasil, o funk encontrou terra fértil. Não só descobriu um público alegre e fiel, mas também músicos geniais que contribuíram com o estilo, dando a este uma "linguagem brasileira". No Rio de Janeiro, esse gênero era sucesso nas festas populares, devido ao swing, à energia, ao ritmo da música que fazia todos dançarem. A festa dessa época, ou baile, passou então a ser caracterizada pelo estilo de música que nela era tocada,  o Baile Funk.  O tempo passou, mudou-se o tipo de música, porém o nome da festa continuou o mesmo. No baile funk carioca de hoje temos uma "adaptação" do swing da música americana, o "pancadão".
 Dentre os pais do gênero no Brasil podemos citar Gerson King Combo, Tim Maia, Jorge Ben Jor, Banda Black Rio, dentre muitos outros... 
 
Gerson King Combo, uma lenda viva da Soul / Funk no Brasil. O pai do nosso funk de cada dia.
    
 
No Brasil, a Banda Black Rio foi uma das maiores expoentes do funk instrumental que se tem notícia. Procurou inovar através da adaptação de elementos da cultura nacional no funk. Na música "Maria fumaça" é fácil identificar uma ritmo meio funk meio samba e levadas de agogô, além do som do triângulo, um instrumento típico do forró nordestino.
        

Ed Motta - "Dez mais um amor". Nessa música podemos sacar a sutileza do cantor ao colocar na nessa música (que é um funk/soul, portanto coisa americana) alguns elementos da música brasileira como o som da Cuíca que ele faz com a voz, ou mesmo as viradas de bateria do finalzinho que lembra as viradas do Samba ("garfinho" na linguagem dos músicos).

Quer saber mais sobre o assunto? Fica a dica de um bom documentário... Grande abraço!!!

Referências