"Se queres a verdadeira liberdade, deves fazer-te servo da filosofia".EPICURO
Do consumismo cotidiano
Todos
sabemos que a Grécia foi o berço da Filosofia, embora também se reconheça as
contribuições chinesas, indianas, persas e etc. O que talvez não se saiba é que
grande parte da produção intelectual desse áureo período da razão foi
perdida com o tempo. Certamente já ouvimos falar Platão, de Homero e até de
Hipócrates, mas o mesmo não se deu com o pensador Epicuro.
Epicuro, foi um filósofo grego que viveu em Atenas entre os
anos 341-270 a.C, onde organizou um grupo de pensadores e amigos, os
epicureus, com o intuito de desenvolver sua proposta filosófica. Embora dono de
grande produção literária, a maior parte de sua obra foi perdida durante os
séculos, restando apenas fragmentos, ou mesmo poucas citações. Sua
filosofia se baseia na tranquilidade da alma, no valor da amizade e na paz como
prática de vida. Hoje, podemos ter contato com suas principais ideias através
da obra "Pensamentos", onde é possível identificar seus conceitos
centrais.
Ao ler esse livro, logo de
início me deparei com a seguinte frase: "Há desejos que são naturais e
necessários, outros que são naturais, mas não necessários. E ainda outros que
não são naturais, nem necessários". É incrível como uma constatação do
século III a.C pode ser tão atual. Entre os desejos naturais e necessários
podemos enumerar o comer e o beber, o vestir-se (estão no campo da
sobrevivência). Entre os naturais e não necessários estão o comer pizza,
beber vinho, vestir Kelvin Klein. Nos desejos que não são nem
naturais, nem necessários podemos enquadrar todas as futilidades que pudermos
lembrar...
Atualidade do
epicurismo
O sistema econômico
atual segue uma lógica contrária a sabedoria dos epicureus. Todos os dias somos
assaltados com milhares de propagandas que nos dizem o que comprar, onde
comprar, como as coisas possuem o poder de fazer felizes àqueles que
as têm. O resultado disso não é outro senão, depressão, consumismo,
insatisfação, endividamento, impossibilidade de sentir-se bem com as coisas
simples, mercantilização das relações... E isso é só pra começo! Faz-se necessário
uma reflexão sobre o nosso papel no mundo, sobre a qualidade da nossa
existência. Aprendamos com Epicuro, tomemos do mestre a paz, o contentamento, enfim
a felicidade.
*** Gostou? Aproveite para ver também a "Receita da Felicidade de Epicuro!"
contentamento... as pessoas não se contentam com o que possuem pois querem mais,ostentar mais. Contraditoriamente, se contentam com o sua condição precária perante ao sistema vigente...
ResponderExcluiré meu caro Dan...vai entender... rs
grande abraço!
Texto e reflexões muito bons, meu amigo.
ResponderExcluirEncaro o consumismo como algo natural, afinal, se vemos o homem como um ser em permanente evolução naturalmente a nossa sociedade também estará sempre mudando e se adaptando, e junto disso os bens de consumo obviamente também vão aumentar em gênero e quantidade, bem como muitas outras coisas.
Porém, também penso que o capitalismo tomou pra si uma forma muito selvagem e agressiva, instigando as pessoas a desejarem cada vez mais sem que elas questionem, passivas e alienadas. Talvez, desejar nunca seja demais, mas a necessidade de status e a fome por competição que isso vem gerando é prejudicial à mente, ao corpo, ao próximo, à alma.
A maior necessidade do ser humano, em minha visão, é o equilíbrio. Os apelos comerciais serão sempre grandes, sou publicitário e sei que sim. Entretanto, quem é dono de você senão você mesmo? Filtre aquilo que é bom e que te agrada, compre aquilo que te basta e sinta aquilo que te afaga.
E ah, obrigado pela reflexão que aqui escrevo e que foi causada pelo seu texto.
João Gabriel Ferreira.